Sunday, January 30, 2005

Quando leres isto, vais-me perdoar não teres recebido a mensagem à meia noite certa. Ou não te ter ligado (sabes bem que dinheiro no telemóvel e eu não somos compatíveis...).
Antes de mais nada, quero que saibas que te tornaste extremamente importante. Alias, adquiriste uma importância para mim que eu nunca pensei que viesses a ter. Vamos ser sinceros, nem tu pensavas que a miúda histérica amiga da Marta te fosse tornar num dos melhores amigos dela! Ou pensavas? Já nem sei... tu percebes-me por meias palavras! E o vice-versa também serve perfeitamente, porque apesar de tu poderes vir a negar isto, tu sabes perfeitamente que eu também te percebo!
É impossível por em palavras o quanto eu te agradeço por tudo o que fizeste por mim... Porque sei também que não foi só isso, e vais fazer muito mais por mim! É impossível porque tu ouviste tudo, todas as discussões com toda a gente, todas as histórias do outro senhor, um monte de coisas que te deixava a pensar coisas como "o que é que eu tenho a ver com isto?", mas que não mostraste... Também porque eu oiço as tuas coisas, e por muito que eu às vezes só mande aqueles tokings que te irritam, ou que não te fale de manhã, ou que só te dê um abraço às 4 da tarde, ou que não responda às mensagens, ou que não fale no msn só quando é para pedir músicas, ou que eu e a Marta te cravemos bolo de chocolate tu continuas a saber que eu gosto muito de ti, não fosse eu contigo ao chinês onde vimos a verdadeira Susana! (e não, a ementa não foi Ana Sara à Pequim com laranja! - não me esqueci como vês!)
Tudo isto para quê pensas tu... pois bem, eu sei que sou uma desnaturada e que há sempre posts para toda a gente menos para ti, mas hoje é um dia especial! Não penses que é só por isso, nananinanão! Eu podia ter deixado só a frasezinha seca no fim de um post qualquer, mas pronto como é que eu hei de dizer... ok chega os factos falam por si! Super Bock, as músicas minhas que tu gostas tanto, conversas e telefonemas até às tantas, a nossa melhor amiga é a mesma... enfim sabes que mais?! Casal Garcia rula, ou não fosses tu o meu alcoólico preferido.
Adoro-te Jojó. Parabéns=)

Saturday, January 29, 2005

"because you and I know it baby! I'm a different person... turn my world around!"

Tinha montes de coisas para falar hoje, mas como estou assim um bocado furiosa com algumas coisas que têm vindo a acontecer, vou-me focar nisto: Mudanças.
Pois é, as coisas não são sempre como nós queremos. Aprendi isso da pior maneira, como aliás todas as pessoas que se consciencializam que a vida é dura. Então estava ontem a pensar nisto, e decidi ir apanhar um bocado de ar para ver se refrescava as ideias. Por acaso aconteceu que a Marta veio comigo e estavamos a pensar a mesma coisa, ela é que verbalizou a ideia.
Está tudo tão diferente... Estamos tão diferentes... Por muito que quisessemos, não pode ser tudo como era há uns anos atrás. Já não temos os mesmos amigos em comum, já não temos os mesmos gostos musicais, já não falamos da mesma maneira, já não lemos os mesmos livros, já não usamos as mesmas roupas, já não falamos dos mesmos filmes, já não conversamos tanto... às vezes tudo o que falamos durante o dia é um olá acenado ao longe... e isto é quando nos vemos!
É difícil consciencializarmo-nos que as coisas têm que mudar, mas quando elas mudam mesmo e nós nos apercebemos, acabamos por as aceitar.
Tenho tido esta conversa montes de vezes com a Simons, porque tanto ela como eu nos recusamos a acreditar que as coisas possam ter mudado tanto. A continuar assim, daqui a uns anos já nem sabemos quem os outros são, e esquecemo-nos de coisas que para nós hoje são importantísimas. Acho que os adultos chamam a isso crescer. Eu não quero chegar à idade dos meus pais completamente esquecida de tudo, dos ensaios para o Falar Verdade a Mentir com a boneca a fazer de Amália e a Simons o Brás Ferreira, da Alcoviteira, das saídas com a Marta, dos filmes com a Simons cá em casa, do Grease, das Pyjama Party, das tardes na Baixa, das férias no Algarve, da Arrábida comigo e com a Marta a dormir as duas num sofá apertadíssimo, do concerto dos Xutos, dos jogos do Eleven na praia, das conversas até às 4 da manhã com a Simons sobre tudo o que sentíamos e adormecer com a sensação de estar muito melhor, mesmo que não adiantasse nada... Quero lembrar-me disto tudo!
Mas por outro lado, temos que crescer... e se é assim que tem que ser, é assim que vai ser... Temos que arranjar novos amigos, temos que mudar a maneira de pensar, e por muito que fosse preferível continuarmos sempre a crescer juntas e ao mesmo ritmo é impossível... Mudou tudo a partir do ano passado, e não estamos só separadas por estarmos em agrupamentos diferentes... Neste momento somos pessoas completamente diferentes!
É difícil acreditar que daqui a uns anos provavelmente não nos conheceremos, agora mesmo já começo a pensar isso! Mas só tenho que vos agradecer, porque foi com vocês que passei os melhores momentos da minha vida, foi com vocês que eu cresci imenso, foi com vocês que eu aprendi que a vida não pode ser sempre como queremos, foi com vocês que eu me senti a pessoa mais feliz deste mundo... sem vocês hoje não seria a mesma de certeza! E não encarem isto como um adeus definitivo, é mais um "preparem-se... isto já está a acontecer".
É estranho ler isto dito por mim, eu que sou a pita, aquela que acredita sempre que as coisas vão melhorar, que o mundo pode ser cor de rosa, que vamos ser felizes para sempre, madrinhas dos filhos umas das outras e com casas perto, para poderem ser todos amigos como nós. Todos felizes, e até sermos velhinhas, porque a Simons vai de certeza ser uma óptima avó, daquelas que estraga os netos com doces e essas coisas todas que as avós costumam fazer. E porque a Mafalda vai ser médica dos nossos filhos todos. Porque a Martuxa vai arranjar a cura para um monte de doenças. Porque a Marta vai ser famosa. E porque eu vou continuar a escrever imenso. Mudámos, é verdade. Somos outras pessoas agora.
Mas uma coisa é certa, vamos ser as Five para sempre.

Thursday, January 27, 2005

Para a Marta.

Era uma vez uma menina. Essa menina, cujo nome não vamos revelar, (porque além de ser relevante é uma coisa que nunca nos foi revelada) era completamente perfeita. Tudo o que fazia saía perfeito. Era simpática, prestável, educada, inteligente, gira... enfim, simplesmente fantástica.
A menina fazia com que todos parassem para a ver, suscitava a admiração de todos, e era demasiado perfeita para alguém conseguir sequer ter ciúmes ou inveja dela. Estava, como era óbvio, sempre rodeada de gente, e por mais incrível que pareça, não era gente que se quisesse aproveitar dela para fosse o que fosse... gostavam só de a ouvir falar, cantar, de rir com ela, de ver o seu sorriso perfeito e de poder sentir, nem que fosse por um breve instante, o que era ser perfeito. Ninguém conseguia acreditar que pudesse sequer existir um ser tão perfeito, tão admirável, tão fantástico, tão acima do normal.
Apesar da sua perfeição, tinha uma vida perfeitamente normal. Tinha sempre namorados perfeitos, daqueles que todas nós achamos que nunca iremos conseguir na vida, usava roupas normalíssimas, apesar de ficar bem com um trapo qualquer, ia à escola como qualquer um, apesar de ter sempre óptimas notas e ajudar aqueles que não tinham tão boas como ela (ou seja, todos).
O mais estranho no meio disto tudo, é que a menina tinha uma predilecção especial por uma das suas amigas. Chamemos-lhe melhor amiga. Esta tal melhor amiga era o menos parecido com a menina perfeita que possam imaginar. Não era simpática, nem gira, não era muito inteligente, não tinha muita paciência para as outras pessoas. Mas a menina perfeita gostava dela. E pelos vistos davam-se bem... Sempre me intriguei ao ver as duas juntas. A menina perfeita e a amiga.
Um dia decidi observá-las à hora do almoço, simplesmente porque estávamos a almoçar no mesmo sítio e eu, curiosa como sempre, quis tentar perceber como é que duas pessoas tão diferentes, as últimas duas pessoas que qualquer um imaginaria que se dariam bem, eram melhores amigas. A diferença era abismal. A menina perfeita parecia passear sobre as nuvens, cada passo parecia ensaiado muitas e muitas vezes, e tudo isto com os gestos mais normais do dia-a-dia. A melhor amiga não, e muito me espantei como é que não deixou caír tudo quando deu um encontrão na mesa.
Olhei à volta, e não era só eu. Quase toda a gente olhava para elas, a menina perfeita e a melhor amiga. Toda a gente se apercebia de que de parecidas aquelas duas não tinham nada, e todos se intrigavam como eu, «como é que é possível?». E subitamente começei a perceber.
Naquela sala, só elas pareciam não reparar que uma era perfeita e a outra era o oposto. A menina perfeita falava com a amiga como se fosse uma pessoa normal, a amiga parecia não saber que a menina era de facto perfeita. Ou se sabia, disfarçava bem. Claro que sabia. Toda a gente sabia... Voltei a olhar para elas. Conversavam sobre uma coisa qualquer, a menina perfeita queixava-se que não conseguia fazer qualquer coisa que a amiga lhe estava a explicar.
E foi aí que eu me apercebi. Elas não eram assim tão diferentes.
As pessoas são para nós a imagem daquilo que nós achamos que elas são... Eu sempre me habituei a ver aquela menina como perfeita, e a amiga dela como a personificação de todas as imperfeições. Se calhar a menina perfeita via a sua amiga como a melhor pessoa do mundo, e a melhor amiga via a menina perfeita como a pessoa mais perfeita que todos nós víamos... É uma questão de atitude.
Passado algum tempo voltei a vê-las. Subitamente, a melhor amiga pareceu-me mais sorridente, mais simpática, mais inteligente. E a menina que eu toda a vida tinha achado perfeita pareceu-me ligeiramente menos fascinante, sem toda aquela perfeição. Mas pareceu-me muito mais feliz.

Sunday, January 23, 2005

"Tu nao desistes? juro que nao tava a pensar nisso. Pensar em que? pensei antes de dizeres o que ias fazer. Tu perguntas pensar em que e eu pergunto desistir de que? de mim. Eu nao desisto daquilo em que acredito..."

You and I... I wouldn't change a thing! (...) when the world keeps spinning round and my world's upside down, and I wouldn't change a thing! I've got nothing else to lose...
eu sei que te dói, se calhar a mim até me dói mais...

Dear I fear we're facing a problem
You love me no longer, I know
And maybe there is nothing that I can do to make you do
Momma tells me I shouldn't bother
That I ought to stick to another man,
A man who surely deserves me
But I think you do!

So I cry, I pray and I beg

Love me love me
Say that you love me
Fool me fool me
Go on and fool me
Love me love me
Pretend that you love me
Lead me lead me
Just say that you need me

So I cry and I pray for you to
Love me love me
Say that you love me
Leave me leave me
Just say that you need me
I can't care about anything but you...

Lately I have desperately pondered,
Spent my nights awake and I wonder
What I could have done in another way
To make you stay
Reason will not lead to solution
I will end up lost in confusion
I don't care if you really care
As long as you don't go

So I cry I pray and I beg

Love me, love me
Say that you love me
Fool me, fool me
Go on and fool me
Love me, love me
Pretend that you love me
Leave me, leave me
Just say that you need me
So I cry and I beg for you to
Love me, love me
Say that you love me
Leave me, leave me
Just say that you need me
I can't care 'bout anything but you...
Love me, love me
Say that you love me
Fool me, fool me
Go on and fool me
Love me, love me
I know that you need me!
I can't care 'bout anything but you...

...desculpa.

Tuesday, January 18, 2005

"That's just the way it is... Some things will never change!"

O que é que nós somos realmente? Isto é uma pergunta que me tem dado muito que pensar porque se virmos bem, acho que muita gente não sabe o que é que realmente nos define. Aqueles que sabem, como em todos os casos, gostam de guardar só para eles toda a informação, e assim os outros que não sabem, continuam sempre a questionar-se. Mas hoje, e depois de muito pensar, cheguei a uma conclusão.
Não é por mudares o corte de cabelo, não é por mudares a tua maneira de vestir, não é por passares a falar de uma maneira ou outra, não é por mudares de amigos, não é por arranjares um namorado assim ou assado, não é por trocares os teus gostos musicais, não é por mudares o teu nome, não é por deixares de tratar a mãe da tua melhor amiga por Dona Maria e passares a tratá-la por Tia, não é por usares o mesmo perfume que toda a gente usa, não é por andares na última moda, não é por mudares de escola, não é por fingires ser quem não és que vais mudar... Porque, como eu já disse, há sempre aquelas pessoas que tu desprezaste na tua "mudança" que sabem o que tu na verdade és... aquilo que tu tentas que os teus novos amigos, que a tua nova escola, que toda a gente pense que tu és.
E um dia, quando tudo o que tu construíste se desmoronar, quando as pessoas com quem te dás agora te conhecerem, não a pessoa que tu queres mostrar mas o teu verdadeiro eu, e não gostarem do que conheceram, tu vais voltar para aqueles que sempre gostaram de ti... só que pode ser que eles já não gostem daquilo em que tu te tornaste. (Raramente gostam, e com razão diga-se de passagem.) Depois o que acontece? Todos sabemos não é verdade? Uma alta depressão. Se calhar não devias ter tentado ser quem não eras...
Mas pronto, isso não se aplica a mim. Eu sou quem eu sou, com o belo do meu nome (ANA SARAA!), a ouvir as minhas músicas esquisitas para desespero do Zé (mas espera! eu gosto da Ashlee!), com a minha pancada pelo cor de laranja, a minha parede dos postais, a fotografia minha e da Marta para mandar para o uglypeople, desarrumada como sempre, na mesma escola há 8 anos, com o meu corte radical no cabelo (o que eu ainda choro!), e actualmente com uma bela duma gripe... e sabem que mais?
Sou feliz assim. Não preciso de mudar!

Tuesday, January 04, 2005

Estava sentada ao pé de ti. Isto pode parecer aparentemente normal, duas pessoas ao pé uma da outra, mas neste caso é diferente. Lá fora ouviamos o barulho das pessoas a passar, das vidas que não param, mas parece-me que a minha congelou ali, contigo.
Está calor, mas eu não sinto. Como já disse, não consiguia pensar. Estava só a olhar para ti, tu estavas absorto a fazer outra coisa qualquer... Reparaste que eu estava a olhar para ti, e disseste que não gostavas que eu o fizesse... eu continuei a olhar. Estavas incomodado, como se pudesses ler a minha mente, como se pelo simples facto de eu olhar para ti te trouxesse todos os meus pensamentos, tudo aquilo que eu queria e que gostava que fosse possível mas que graças a ti não é... Como se soubesses que nunca poderás corresponder às minhas aspirações, não aquilo que eu quero que tu sejas, mas aquilo que tu és e que eu sei... O que tu sentes que não podes nem nunca vais poder tornar real, ou talvez pudesses, bastava quereres...
Tu sabes disso. E é isso que te incomoda.
Desviei o meu olhar. Sinceramente fartei-me, já não tenho mais paciência para estas coisas. Levantei-me com a intenção de me ir embora. Não disseste nada, nem eu estava a espera que dissesses. Queria acabar com tudo, queria que me atirasses à cara que já não me suportavas, que estavas farto de mim, que eu esperava em vão, que nunca mais me querias ver, que não podia pensar mais que alguma vez as coisas se iriam recompor.
Não o fizeste, como é obvio. Em vez disso, enquanto eu ia dirigir-me à porta, perguntaste-me onde é que eu ia... Voltei a olhar para ti. Disse que não ia a lado nenhum e voltei para onde estava. Foste para o pé de mim e aí recomeçaste a falar... falar de banalidades, de coisas que até são capazes de fazer imenso sentido, mas não para mim. Pelo menos naquela altura.
O que tu dizias parecia não ter som, não conseguia nem queria ouvir. Acho que estava a ser egoísta em pensar só em mim, pensei nos meus sapatos e no meu casaco, à minha espera à porta, para quando eu quisesse saír. Era só eu querer. Mas eu não queria.
Como eu te odiei nesse preciso instante! Nem imaginas o quanto eu queria ter tido a coragem de te dar um par de estalos e um grito, de te pedir que não me fizesses isto, que me trouxesses para a realidade. Realidade onde não havia aqueles momentos em que parava o mundo e se tinha uma só certeza: "é agora". Realidade onde não se comete o mesmo erro duas vezes. Especialmente se forem mais de duas vezes. Realidade essa onde não se tem esperança que as coisas mudem.
Se calhar percebeste que eu não te estava a ouvir. Ligaste a televisão, pegaste no jornal. Voltei a olhar para ti, e lembrei-me de tudo o que já tinha acontecido. Lembrei-me da última vez que ali tinha estado contigo, e da penúltima, e da antes dessa e das anteriores. Certamente com propósitos diferentes... Tive que respirar fundo quando me lembrei disto. Tentei esquecer, mas agora essa imagem não me saía da cabeça. Lembrava-me tão bem como se tivesse sido naquele dia mesmo... lembrava-me de me despedir de ti. Se eu soubesse que era a última vez, teria sido diferente? E se foi mesmo a última vez? E se nunca mais eu me voltar a despedir de ti assim? Se eu naquela altura soubesse que aquele tinha sido o último que nunca se iria voltar a repetir, provavelmente não me teria preocupado com as horas nem com o que eu tinha para fazer a seguir. Porque é que tem que ser assim... Em que será que mudou? Eu mudei? Tu mudaste? Mudámos os dois?
Pergunta deveras difícil. E o que mais me irrita, é que tu ages como se não se passasse nada! Como se estivessemos bem! Notícia de última hora: não estamos! Eu pelo menos não estou... E sabes de quem é a culpa não sabes? Não, não é tua desta vez. É minha, só minha... A culpa é minha de eu ficar assim pequenina por dentro, a culpa é minha de eu desvanecer, a culpa é minha e só minha de eu gostar de ti. Já devia saber o que me esperava, tu não foges à regra!
Esta era a parte em que eu ia embora. Em que eu te dizia que nunca mais te queria ver, nem a ti, nem à tua indiferença, nem à maneira como lidas com estas situações. Era a parte em que eu te dizia que estava farta. Não o fiz, apesar de já ter ido buscar os meus sapatos para os calçar. Olhaste para mim enquanto eu calçava os sapatos, sorriste, eu não te retribuí o sorriso. Acho que percebeste o que eu queria dizer, mesmo sem falarmos. Liguei o rádio, estava a dar uma música que todos conhecemos. Há de haver um outro alguém que faça valer a pena... Pensei para mim mesma que não podia ficar mais assim. Especialmente por tua causa. Porque tu acabavas por nem sequer valer a pena...
Levantei-me. "Onde é que vais?" «Vou só ali à varanda... estou cheia de calor.». Sorriste e levantaste-te também. Deste-me um beijinho, quase como se adivinhasses e disseste "Não faças nenhum disparate. Prometes?". Eu prometi. Voltaste a sentar-te com o teu jornal, eu olhei bem para ti uma última vez, peguei no meu casaco e saí sem fazer barulho. Quando cheguei à rua não olhei para trás, e ainda bem que não o fiz, porque tu estavas à janela, e nem tu sabias bem porque é que o estavas a fazer. Sabias que o que tu gostavas de mim não correspondia nem a uma milésima daquilo que eu gostava de ti, e mesmo apesar disso querias arriscar. Querias tu, mas eu já não estava disposta. Se eu olhasse, pensaste tu, ias chamar-me. Ias dizer-me o que te preocupava, ias dizer-me toda a verdade, ias falar comigo finalmente como amigos que éramos e que ainda hoje podíamos ser, se não fossemos demasiado estúpidos para o perceber. Não olhei para trás, queria ficar sozinha sem te ter que ver outra vez, ficando com a tua recordação de leres o jornal enquanto eu pensava no que podia ser e no que podia ter sido.
E nesse momento, saí da tua vida para sempre.
(Este texto é uma obra de ficção. As personalidades e reacções das personagens são fictícios e como tal, se se assemelharem a alguém real é pura coincidência. Para mais esclarecimentos, contactar a autora.)