Saturday, April 13, 2013

muitos anos têm 365 vezes mais dias.

Já passaram quase oito anos e parece que foi ontem. E é hoje, nem ela sabe, que ele lhe vai fazer a pergunta mais importante de todas. A para a qual andou a poupar em menos copos, e mais trabalhos, e ela nem faz ideia. E passaram tantas coisas. Tantas zangas e tantas coisas, tanto tempo juntos e separados, e é hoje que ele deixa de lhe dizer que a relação deles é demasiado complicada e demasiado simples para a fazer entender que é o mais verdadeira que alguma vez houve.

Mas ela não vai aceitar. Nem ele vai pedir nada. Foram muitos anos, é verdade. Não tantos como os que disse. Nunca poderia ter sido. É o pretérito imperfeito, foi a coisa mais importante do mundo e hoje não é nada. Nem se conhecem. Na verdade não falam há anos. São pessoas tão diferentes agora, e nunca estiveram mais longe um do outro. Ela nunca mais se preocupou tanto com ninguém como com ele. Escrevia-lhe todos os anos coisas que ele nunca leu, até se apaixonar outra vez e perceber que tudo o que ele fez foi porque eram pequenos e na verdade não sabiam o que faziam. Mas havia gente pior que ele no mundo. E perdoou-o, e foi em paz, como ele queria. Ela não sabe nada dele há muito tempo. Não lhe escreve há anos. E raramente se lembra dele, hoje em dia. Mas no dia de hoje, quer seja dito ou não, nunca falha. Pelo menos nos últimos oito anos. Portanto parabéns. E obrigada - que as partes boas lembram-se, mas as más esquecem-se sempre.