Sunday, November 27, 2005

"Não prometas nada, eu sei que não estás a prometer, estás só a ser sonhador e sincero..."

Estamos no parque infantil. Deitei-me no chão, isto é uma espécie de alcatifa ou assim.
É uma e meia. Lembro-me da última frase que escrevi antes de vir para aqui. «Agora é uma e meia e penso em deixar Lisboa.» . É uma e meia, dez dias depois, e eu não quero virar os meus pensamentos para Lisboa. Lisboa está longe, tão longe quanto eu estou agora, deitada no chão a ouvir o mar ao longe, ou mais perto do que parece.
Gosto da praia para onde vamos, porque vou para lá desde sempre. Porque antes não havia nada, e lembro-me de uma vez que os pescadores foram lá, vindos do mar com o barco cheio de peixes, lembro-me de ficar a ver ao longe aquele barco azul cuja pintura caía aos bocados de tão velha, e aquela gente que eu não sabia o nome a puxar o barco, trazer cordas e amarrá-lo na praia.
A Marta estava a tocar o Ben, sorrio porque fui eu que lhe ensinei o Walk Away. A primeira música que eu aprendi, o verão passado e que era (e é) uma das minhas preferidas.
They say time will make all this go away.
Eles dizem, mas o que é que eles sabem disto?
A Marta parou. Voltei a ouvir o mar.
(...) Ontem, no carro, ia tristíssima perdida nas minhas coisas e a Marta deu-me um abraço e disse que gostava muito de mim e para eu não a deixar nunca. Prometi e fiz um sorrisão, ela sabe sempre o que se passa, mesmo não sabendo. E às vezes só é preciso um abraço. (...)

Carta para a Raquel, 11.07.2005


O tal caderno, não de Agosto como o da Alice Vieira, mas sim de Julho, o tal que já devia ter sido entregue e que encontrei por acaso. Achei piada, porque primeiro não faz muito sentido, e deopis disse tanta coisa que não faria sequer prever o que vinha a seguir... O que me deixa a pensar no imprevisível que é isto tudo!

Friday, November 25, 2005

"I just feel that everyone tries to do something different but you always end out doing the same jumping."

Never refuse an invitation.
Never resist the unfamilliar.
Never fail to be polite.
Never outstay your welcome.
Just keep your mind open, suck in the experience... And if it hurts, it's probably worth it.


"You hope and you dream, but you never believe that something's gonna happen for you. Not like it does in the movies. When it actually does, you wanted to feel different - more viceral, more real. I was waiting for it to hit me. But it just wouldn't happen."

Wednesday, November 23, 2005

"Esperaste de mais? Ou foi só o tempo que passou?"

Passou-se nada mais nada menos que um ano. Para mim passou-se mais que isso, sinto o peso de três ou quatro. Agora, enquanto caminho sozinha pelas ruas onde costumavas caminhar comigo, lembro-me de tudo e tenho pena de te ter perdido desta maneira. Rápida e silenciosamente, sem aviso prévio, sem qualquer explicação. Um bocado da mesma maneira como entraste na minha vida. Não, da mesma maneira como te tornaste importante. Num segundo mal te conhecia, no outro já éramos amicíssimos e no outro já eras essencial.
Não sei porquê, mas a verdade é que nunca me apaixonei a sério por ninguém...
A noite já caíu, apesar de não ser muito tarde. Precisava de fazer isto, não como auto-mutilação mas muitas vezes as lembranças tocam-me tão fundo que me magoam. O trânsito está infernal, as ruas estão molhadas mas não está a chover, pelo menos por enquanto. Está no ar aquilo que eu chamo "o cheiro do Natal", já há luzes na rua e já se veêm pessoas com sacos.
À medida que os meus pensamentos se começam a acumular à velocidade da luz, decido sentar-me e descansar. Pensar com calma. Penso em tudo o que se passou, tudo o que passámos, tudo o que eu gostava de não ter dito e feito, tudo o que por outro lado, me arrependi de não fazer. Mas agora é tarde. Perdi-te e perdi-te para sempre. Tenho tanta mas tanta pena! Podia ter dado tudo certo... Podia, mas não deu. Porque não quis, porque não quiseste. Ainda assim, custa-me a acreditar que tudo tenha ficado assim. Será que se pode perder alguém definitivamente, esquecer, para sempre? Quando se gosta de alguém e quando esse alguém tem a importância que tu tiveste (e ainda tens) para mim, não acho que seja possível. Há uma parte de ti que há-de ficar sempre comigo, sempre, para sempre. Hei de gostar sempre de ti, de uma maneira ou de outra, sei que vou sorrir quando ouvir falar de ti, ou quando te vir, ou quando falarmos outra vez. Sei, como sei que tenho saudades tuas e continuo a precisar de ti como dantes ou ainda mais. Sempre gostei de falar contigo, de te contar as coisas, de te ouvir, de rir contigo, rir de ti quando dizias parvoices, de me dares abraços quando eu estava triste, de seres meu amigo, de andar de costas na rua, de ver as luzes. As mesmas que agora estou a ver sozinha. O resto veio naturalmente, não posso dizer que estivesse à espera.
Mas podias sempre tentar.
Agora sim, está a chover e bem. Não posso dizer que tenha reparado, estou sentada no fundo da rua a chorar e ainda não percebi bem porquê. Se por algum destes motivos, se por todos juntos. Se por ainda gostar tanto de ti como antes, se por me ter habituado a viver sem ti. Se por me afectares ainda tanto, se por ter esperança que as coisas fiquem bem.
Prometes?
Agora lembro-me de mais esta, está a chover imenso, estou ensopada mas não quero saír daqui, tu prometeste, eu acreditei. E até hoje custa-me a acreditar que me tenhas enganado de propósito, que não me digas o que é que se passa, não sei, há qualquer coisa que não encaixa.
Prometo. Prometo.
Ok. Vou deixar de pensar nisto. O que tiver que ser será e eu nunca deixei de acreditar lá no fundo, durante aqueles 4 meses, que o que tivesse que acontecer acontecia. Se tivesses que sair da minha vida saías, se tivesses que voltar voltavas. A verdade é que quando eu já estava a perder todas as esperanças, voltaste. Por pouco tempo, mas voltaste. E tenho mais é que deixar o tempo passar, para ver o que acontece. Mas a verdade é que fazias (e fazes) muita falta... Mais do que imaginas!
E agora... como é que é, Ana Sara?


"... agora prefiro viver assim, imaginando o teu regresso eterno e irrepetível, encolhendo os ombros à vida, fingindo que não desisto dela enquanto tu não voltares."

Tuesday, November 22, 2005

“Há coisas que nunca se podem esquecer, sob pena de enlouquecermos – estava tão perto da perfeição.”

Say the talk and I won't mind
If there's a cause you know I'll never try
And I love you like the one I used to know
And if you never had the time
That's an ordinary problem
And I said I'd like to have a place to go

And you held and you tried
I could never find another
If you walk me to the car park
I won't go

To my left I saw the time
Flash and fall it seemed to swallow you
I could love you like the sister
I never had

Drawing circles in your concrete
I will know your every move
And I'll send you
I'll send you

And you held and you tried
I could never find another

If you walk me to the car park
I won't go

And we held and we tried
There was heart and lust between us
I will love you
I won't let go


'Cause we are one inside these walls
Undercover

We are one inside these walls
Undercover
We are one inside these walls
Undercover
We are
We are one

And you held and you tried
I could never find another

If you walk me to the car park
I won't go

And we held and we tried
There was heart and lust between us
I will love you
I won't let go


We are one (undercover)
We are one (undercover)
We are one (undercover)
We are one

Saturday, November 19, 2005

"E o pior, Miguel, é que eu também tenho cinco anos e também queria alguém que tomasse conta de mim."

Eu, ninguém
Eu, ninguém comigo só
Posso ser
Travesti de quem quiser
Manequim de bazar
Ou rainha do lar
Madamme butterfly
Barbie suxie dolly polly pocket

Tudo bem
Mas eu posso ser também
Emanuelle lady miss mademoiselle
Num darm meretrix
Ou apenas actriz
O espelho me diz
Gueixa Vénus Eva dama virgem mãe

É que eu sei
O que eu sou e o que não sou
Mas é claro
O que eu for eu sou
Sem ninguém
Só o que eu tenho a saber
É quem de nós cem
Hoje eu vou ser

Pó-de-arroz
Rimel, óculos, batôn
Sutiãn, Armadilha de Satã
Salomé, Rapunzel
Ou Beata de Véu,
Um anjo Cruel
Fada, Vaca, Gata, Dona do Bordel!

É que eu sei
O que eu sou e o que não sou
Mas é claro
O que eu for eu sou
Sem ninguém
Só o que eu tenho a saber
É quem de nós cem
Hoje eu vou ser

Sei lá sei lá [Eu, ninguém]
Sei lá sei lá [Eu, ninguém comigo só!]
Sei lá sei lá
Sei lá!

Thursday, November 17, 2005

"Please waste some time on me maybe you'll be the voice inside my head."

devo confessar que foi uma abordagem interessante, esta! :D

ps. se vocês forem morar para Peniche... EU é que fico vencidíssima da vida!

Tuesday, November 15, 2005

Sometimes I get tired of this me-first attitude
You are the one thing that keeps me smiling
That's why I'm always wishing hard for you
'Cause your light shines so bright
I don't feel no solitude
You are my first star at night
I'd be lost in space without you

And I'll never lose my faith in you
How will I ever get to heaven, if I do

Feels just so fine
When we touch the sky me and you
This is my idyll of heaven
Why can't it always be so good?
But it's all right, I know you're out there
Doing what you've gotta do
You are my soul satellite
I'd be lost in space without you

And I'll never lose my faith in you
How will I ever get to heaven, if I do


tudo a melhorar... será possível que se mantenha por mais uns dias? dava tanto jeito...

Monday, November 14, 2005

"Falhámos a vida, menino!"

Saiu e começou a andar pela rua que se perdia de vista. As árvores estavam a ser cortadas, porque os ramos têm folhas que no Outono caem e sujam as ruas. O sol já era de Inverno, aquele sol que aparentemente anuncia um dia de calor, mas hoje estava frio, apesar de já ser hora do almoço. Chegada a meio decide parar, um telefonema e fica à espera.
Vêm do outro lado da rua, param para comprar um chocolate. Aconchegam-se nos casacões e enrolam bem os cahecóis porque está cada vez a ficar mais frio...
Chegam a meio da rua e encontram-se. Conversa puxa conversa, o caminho a percorrer de volta, porque é que vieste até aqui, não ia ficar lá a fazer nada, enfim... Chegadas ao bar, isto já parece o 9º ano, lembram-se quando... , os estores que se abrem, o mesmo sol da rua agora a bater-lhes na cara. As melancolias do costume, o crescer depressa demais. O tempo não voltar atrás e não terem aproveitado o suficiente. De repente, lembram-se do Eça. Da geração. Do Ega e do Carlos da Maia. E depois de um segundo a pensar nisto tudo, finalmente concluiram:
- Somos as vencidas da vida!

:) que tarde estrondosa! Já tinha saudades... adoro-vos!*

Saturday, November 12, 2005

"Oh Ana tu não percebes nada destas coisas... Não se gosta, aprende-se a gostar!"

@ 16.06.2004

Não me comprometendo, às vezes até tenho saudades destes tempos... porque ao menos, sempre me serviu para aprender alguma coisa...

Aprendi que por estúpida que uma pessoa possa parecer, há sempre qualquer coisa que nos diz que vai ser importante. Aprendi que por muito inteligente que se seja, há erros que se cometem duas vezes. Aprendi que há erros que no fundo não o são, são coisas que temos que fazer. Para crescer. Aprendi ainda que mesmo que tentemos esquecer, quando as coisas acontecem ficam lá para sempre. E aprendi que raramente se gosta assim de caras de uma pessoa... aprende-se a gostar.

Thursday, November 10, 2005

Tenho pena e não respondo.
Mas não tenho culpa enfim
De que em mim não correspondo
Ao outro que amaste em mim.

Cada um é muita gente.
Para mim sou quem me penso,
Para outros - cada um sente
O que julga, e é um erro imenso.

Ah, deixem-me sossegar.
Não me sonhem nem me outrem.
Se eu não me quero encontrar,
Quererei que outros me encontrem?

F. Pessoa

Tuesday, November 08, 2005

"Deve ser para verem a vida do lado direito. Ou o lado direito da vida."

"Há sempre mais qualquer coisa para lá da realidade que nós vemos. O essencial é invisível aos olhos, como dizia a raposa ao Principezinho. Gosto de enigmas porque acredito que os consigo resolver. Se eu fosse personagem de um livo era de certeza a Raposa do Principezinho. Aquela que sabe viver com tudo o que tem, mesmo com a ausência daqueles que ama. Aquela que sabe que nada é perfeito mas que sonha com a perfeição. Aquela que tem sempre tempo e amor para os amigos. Que cuida das flores mal educadas e de rapazinhos confusos. Aquela que ama a cor do trigo porque o trigo tem a mesma cor dos cabelos do rapaz que ela ama.
Eles conheceram-se de uma maneira engraçada, ao acaso, como quase sempre acontece com as pessoas que se tornam mesmo importantes na nossa vida. A raposa encontrou-o quando ele estava deitado a chorar num jardim cheio de rosas. Tinha acabado de descobrir que a sua rosa não era a única no mundo. Quando chegou cá abaixo à terra, afinal havia milhões de rosas iguais à sua. E entristeceu-se, porque aquilo que ele pensava que era raro e absoluto se revelou como algo de comum e relativo. Foi então que apareceu a raposa; ela andava à procura de galinhas e ele à procura de amigos, por isso pediu-lhe para brincar com ele, mas ela explicou-lhe que não podia, porque não estava presa a ele. Entre os dois, ainda não havia nenhum laço. Aquela Raposa era mesmo muito sábia, disse-lhe coisas que ele nunca mais esqueceu, que lhe serviram para toda a vida. Explicou-lhe que só conhecemos as coisas que cativamos e ensinou-o a saborear as esperas. Se vieres às quatro horas, às três eu já começo a ser feliz. Mas se chegares a uma hora qualquer, nunca sei a que horas devo começar a arranjar o meu coração, disse-lhe. E depois, explicou-lhe porque é que a flor dele era única no mundo, apesar de haver milhões de flores iguais a ela; ela era diferente porque ele a amava. Só se vê bem com o coração disse-lhe. E por fim, antes dele se ir embora, porque ainda era um rapaz muito novo e queria partir porque tinha mais amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer, explicou-lhe que tinha sido o tempo que ele perdera com a rosa que a tornara tão importante e por isso mostrou-lhe que amar também é perder tempo com aqueles que se ama. E pediu-lhe para nunca se esquecer dela, porque ficamos para sempre responsáveis por aqueles que cativamos. Eles não podiam ficar juntos porque queriam coisas diferentes e não há nada mais forte do que a vontade de cada um, mas deixaram um bocado de si no outro e ambos enriqueceram com o que viveram um com o outro."

E será que toda a gente se sente como a raposa sabendo que no fundo é mesmo o principezinho? Ou será que dá para ser os dois? É que se der, eu sou de certeza...

Wednesday, November 02, 2005

"Ainda vai levar um tempo Pra fechar o que feriu por dentro Natural que seja assim Tanto pra você como pra mim..."

Não vou dizer que foi ruim
Também não foi tão bom assim
Não imagine que te quero mal
Apenas não te quero mais



e é preciso dizer mais alguma coisa?!