Tuesday, April 29, 2014

T + 1

Foi há um ano e eu não sabia.

Nunca se sabe, no momento em que nos acontece. Na altura não percebemos sequer que nos está a acontecer uma coisa maior do que eu ou tu ou nós, toda uma combinação de 25 anos de eventos aparentemente aleatórios que nos trouxeram aqui. Hoje. Há um ano.

Tudo mudou há um ano. Tudo graças a intervenções não-tão-divinas quanto isso. Ou a um ou outro gin  que ficaram por beber. Ou a um "vamos ver o que acontece". O que eu sei é que há um ano (como de costume) nunca imaginei que hoje as coisas fossem assim. Que há um ano tinha precisamente acordado a pensar noutras histórias de outros países, outros continentes até, e que nem sonhava que a minha vida ia levar um abanão como já não levava há muito.

Em retrospectiva, foi uma muito boa ideia. Foi das melhores más ideias que tive. A melhor. E não sei onde vamos estar daqui a um ano, mas uma coisa é certa. De 29 para 30 de Abril estarão sempre dois copos de gin em cima da mesa. E um partido no chão.

Tuesday, January 28, 2014

é hoje.

Estou farta de chapinhar na neve que me dá até aos joelhos e que não pára de aumentar - pudera, não há maneira de dar um bocado de descanso a este inverno que sim senhor, veio tarde mas em força. Já tive dias melhores e foi agora que me vim enfiar na cama que decidi - é hoje que vou fazer as minhas resoluções de ano novo.

Vou perder 10kg, dê lá por onde der e demore o tempo que demorar. Vou continuar a fazer as minhas playlists mensais mas enchê-las de música nova. Seis livros é o mínimo aceitável para chegar ao fim do ano. Filmes é fazer uma checklist (olha, aquele tube map dos melhores filmes por exemplo) e vê-los. Vou ligar mais aos meus avós. E ser mais amiga dos meus amigos. Vou fazer uma viagem curta por mês (próximas Oslo, Paris e Copenhaga estão marcadas), e tirar mais fotografias. Vou tentar ler as notícias. Vou mudar de casa. E por último, e com certeza mais difícil que todos os anteriores: não me vou levar tão a sério. Relativizar. Ser mais tranquila.

Porque senão, quem se lixa sou eu.

Tuesday, January 21, 2014

fica sempre tanta gente para trás.

Confesso que estás a dar mais luta do que parecia, 2014. Não sei se é de mim, ou de ti, ou do Inverno, ou da neve que tardou mas veio, ou dos graus negativos com dois dígitos. Sei que está a chegar aquela altura do ano em que há uma nuvem negra permanente. Figurada e real.

Uma vez que a luz ao fundo do túnel está difícil, é uma questão de tentar ver pequenas luzes de vez em quando. Mesmo assim não é a tarefa mais fácil do mundo. E nem as corridas ajudam aquilo que deviam ajudar.

Tentar escrever mais, será que ajuda?

Thursday, January 16, 2014

10

O blog fez dez anos. Dez. Há dez anos que a bem ou a mal, escrevo aqui. Era uma pita. Continuo a ser. Continuo a achar que tenho alguma coisa para dizer.

Dez anos. A pessoa que eu era iria orgulhar-se da pessoa que eu sou - ou se calhar, pensar que não era nada disto que queria para nós. Mas também, o que é que ela sabe?

Dez anos. Nem sei mais o que dizer. Parabéns.

Sunday, January 05, 2014

quatro meses não é nada.

Está na hora outra vez, Lisboa. É sempre até já mas o já nunca é tão perto nem tão fácil como deveria. Desta vez é estranhamente mais complicado. Porquê? Fiquei tempo demais? Estou habituada a estar aqui? Gosto demasiado de ti? Não consigo arranjar respostas para as minhas - parece-me agora - tão complicadas perguntas. Há uma parte da minha vida que fica sempre aqui. Há um vazio que nunca é, nem nunca pode, ser preenchido. Há vontade de ficar debaixo dos lençóis e que não me encontrem, e ficar aqui que nada me pode fazer mal.

Mas não pode ser. A escolha já tinha sido feita há muito tempo. Vou e volto e vai correr tudo bem. Corre sempre.

Tuesday, December 31, 2013

adeus, 2013.

2013: já tenho 25 anos. À data da escrita deste post não faço nem ideia de onde estou neste momento, mas cá vai a merecida retrospectiva.

Não havia um tão bom como tu há muito tempo. Ou se o houve, não foi nem de perto nem de longe tão memorável. Comecei a trabalhar, fui parar onde queria e nem está a correr nada mal. Não houve viagens grandes mas houve Londres outra vez, e Barcelona outra vez, e Amsterdão, e Copenhaga, e Berlim. E passeatas pela Polónia que também contam - Wroclaw, Poznan, Torun e outras que tais. Houve tanta neve que me cansou, mas só no princípio do ano, que agora da última vez ficou tudo mais calmo (e espero que assim se mantenha). Emagreceu-se tudo o que se tinha a emagrecer e agora recomeça-se este ano. Foi o primeiro Verão em Varsóvia e todo o calor e sol às 4 da manhã que tivemos direito. Foi a minha casa transformada em armazém, e vazia de novo passado uns meses. Foi ter também saudades de ver o Cristo Rei mas tomar isso como normal. Foi ir só ao Alive mas não faltarem concertos.
Há novamente mais membros na família alargada e mais um na família próxima a caminho. E continuamos cá todos. Foi o primeiro casamento de amigos e o próximo já está marcado. Foi confirmar que os meus amigos não vão a lado nenhum. Foi mais gente nova sim. Foi chegar ao fim do dia cansada de falar polaco e foi conseguir mesmo assim aguentar mais umas horinhas sem vacilar para o inglês.

Foi fazer asneiras diferentes mas pará-las. Não tão cedo como se devia mas ainda assim a tempo. Foi conseguir que as anteriores não se repetissem, e sim - foi uma volta de 180º. Houve muito mais filmes e muito mais música e mais livros que em 2012 e a razão foi apenas uma. A mesma pela qual houve mais Luzztro, e mais 1500, e menos Opera e Plat; a mesma pela qual toda a gente se espanta com bons humores, e mais calmas, e mais concertos e no fundo, sentir que cresci de verdade. E que sou capaz de estar uma pessoa melhor.

Peço sempre a mesma coisa mas desta vez não desafio a minha sorte. Tive a única coisa que pedi. E foi muito melhor do que esperava. Portanto 2014 - sê no mínimo tão bom como 2013. No máximo, dá-me só aquilo que falta, se achares que é o que me falta. Senão, deixa estar as coisas como estão.

Saturday, December 28, 2013

you

You you you you. Canta a Fiona Apple, podia ser eu, certinho.

Há dores no corpo como se nos tivesse passado um camião por cima e nódoas negras em sítios que não sabíamos existir. Já tinha passado tanto tempo que não nos lembrávamos que era assim - mas quando o foi, soubemos que connosco não poderia ser diferente. Claro que há outras maneiras de ser, mas esta é a nossa e sinceramente não queremos saber das dos outros, melhores ou não.

Apesar dos avisos. Das advertências. Dos tão bons conselhos que decidimos ignorar. Do mau gosto e da insistência, e das chamadas white lies de vez em quando.

Li que nestas coisas, quanto mais se gosta mais calculista se tem que ser. E que isso é um sinal do tal gostar. Da minha parte, sou o mais culpada que se pode ser, e sem o saber já o era. Dar o que se tem e o que não se tem pode ser sinal de fraqueza ou puro desprendimento. Mais ainda quando o futuro é incerto. Mas está tudo pensado. Para o bem ou para o mal, está tudo pensado.

Sunday, December 15, 2013

just in time.

As almofadas ainda têm o mesmo cheiro e houve coisas que ficaram apesar de ter sido dito que desta vez ia tudo embora. Continua o carrossel mas não nos fartamos nunca, e as subidas são tão boas que se esquecem as descidas a pique e os medos de descarrilar. Os arrepios não são iguais porque são cada vez melhores - como se naquele dia alguma vez o pudéssemos antever! - e a tranquilidade do não saber o que nos vai acontecer continua. A certeza é só uma e sempre a mesma. E não me preocupa rigorosamente nada. E é giro perceber que é mesmo quando não se está à espera, quando se acha que não é nada, que nada se vai passar nem acontecer. É que essa graça, a tua, mais ninguém a tem.

Saturday, October 05, 2013

happiness is a warm gun

Enquanto tivermos aquilo que temos. Enquanto vier o frio e o sol continuar com ele. Enquanto as faltas de confiança forem recompostas com um gin e uma conversa de amigos. Enquanto tivermos esses amigos, e enquanto as amizades forem exactamente o que têm que ser - cada uma à sua maneira. Enquanto nos trouxerem flores, e as nossas bolachas preferidas, e uma jola para beber na rua que aqui não se pode - só porque sim. Enquanto um sábado de introspecção tiver sushi e livros e filmes e música nova. Enquanto tudo funcionar como achamos que deve e o mundo girar do mesmo modo. Enquanto as nossas mensagens às 5 da manhã tiverem sempre resposta quase imediata. Enquanto houver pequenos-almoços de Domingo em família, ou com aqueles amigos que escolhemos para a serem. Enquanto as saudades forem saudáveis e não, não importa se é só de há um dia ou dois meses. E principalmente enquanto pudermos voltar atrás nas más decisões e ficar tudo bem outra vez. Enquanto isso, não nos podemos queixar muito.