Friday, August 31, 2007

Agosto acaba, e com ele acaba um verão que não passou mais rápido que os outros. Estranho. Como que a prever a minha necessidade estúpida de sentir o último ar do verão verdadeiro, hoje pude passear de carro à noite em Lisboa e ver as luzes, o vento, as cores da noite do verão.
Melhores dias virão. Foi só um princípio.

Friday, August 24, 2007

Intra - Para a Ju

Ayo Ju
Esta é pra ti

Ju estivemos juntas, desta vez foram dez dias
Eu sei que não me mentes quando dizes que mais querias
Entre suecas e comboios os dias passaram
Mas nos nossos corações boas memórias ficaram
As saudades, essas, são mesmo inevitáveis
Até para o pior sei que somos inseparáveis
Eu sei, tu também sabes
Que estes momentos é que nos fazem sorrir
E quando estamos todos o melhor está sempre pra vir
Agora mesmo vou na rua e vocês fazem-me falta
Não há como negá-lo, vocês já são a minha malta
Foi uma cena pensada e melhor do que alguém fez,
Ora vê, estes momentos merecem nota dez:
Desde Lisboa até ao Porto a viagem foi bem curta
Mas sempre com a maria a pensar em comer fruta
Depois fomos a Aveiro onde ficámos à porta
Onde a mulher da limpeza devia ter a espinha torta
Em Coimbra festejámos os anos do ramalho
Foi um festão brutal... até à queda de orvalho (AH!)
O telemóvel da maria estava sempre ligado
Com aquelas músicas a tocar nunca ninguém estava parado
Depois Lousã e Foz de Arouce, para matar as saudades
E nunca esquecer onde fizemos as nossas amizades
Aí fiquei sara mc mas o que é realmente certo
É que me falta aqui ter-vos a todos por perto
E agora recordo as manhãs
Em que cedo acordámos
Tínhamos sono, é verdade, mas nem por isso abrandámos
Pelo contrário porque todos os comboios apanhámos
Chegámos a Castelo Branco já era bem de noite
Vindos do Entroncamento, ou sabe-se lá de onde
Aquela viagem no comboio regional,
O homem com um queijo e um vinho não era nada normal
Com valete sempre presente e sabes que a minha alegria
Foi acordar no outro dia e já cantavas a "Sofia"
Voltámos ao Entroncamento e foi aí que o nuno voltou
Da sua trip a Lisboa e a todos encontrou
Já passaram sete dias e agora o nosso caminho
Vai em direcção à praia de S. Martinho
Mas esperem que afinal surgiu um imprevisto
É que esta pousada é num sítio sinistro
Mas não parámos e então seguimos para Leiria
(Porque a senhora da pousada salvou-nos cá de uma fria...)
Almoçámos a tal pizza para quem não comia há uma semana
E para vosso desagrado à noite houve festa africana
Dia vinte e três, agora é o último dia
E Óbidos é a nossa última paragem
Fomos rainhas, condizemos com a paisagem
Na última estação o comboio de mercadorias
Passou mais rápido que todas as nossas agonias
Chegámos a Lisboa e despedimo-nos com a convicção
De que estes dias ficam na recordação
E agora acho que devo fazer o balanço
Para finalmente estarmos todos em descanso
Apesar de o ramalho estar sempre com a namorada
A viagem sem ele não tinha sido acertada
Ju, até tenho saudades
Das piadas da nuna,
Admite que sentes falta de te chamarmos juna
Quanto ao topê realmente não sei o que dizer
Se jogarmos à italiana é certo que o par dele vai perder
Não sei mais o que diga, as saudades são mais que muitas
Agora só falta mesmo é falar da maria
Quanto a isso não digo nada sem que me ria
O que quer que eu pense as palavras são inúteis
Sinto a falta desses dias mas guardem-nos nas vossas cabeças
Vocês são os melhores, e disso podem ter certezas.

Saabes.. ;)

Friday, August 10, 2007

There's a place that meant the world to everybody like me.

Há decisões que, tomadas de cabeça fria, se tornam muito mais fáceis. Mas fazem menos sentido.

Há um ano, dois anos, três anos, quatro anos, cinco anos atrás que hoje seria a véspera do dia mais aguardado do ano. Do dia em que começava a colónia. Ano após ano aprendemos a tomá-la como certa, a partida do Jardim dos Prazeres às 3 da tarde do segundo sábado do mês de Agosto. Escolher a roupa com semanas de antecedência, “não vou se não fores”, o ver gente nova, conhecidos só de cara e aqueles a que chamamos amigos, a ida na camioneta, o chegar ao campo, cravar para nos levarem as malas, escolher a camarata, o primeiro jantar (ai o hamburguer é que não me faz falta), o ligar aos pais a dizer que chegámos bem, mas eles já sabem porque sabem que lá é que estamos realmente bem, a hora depois do jantar, o jogo para nos conhecermos, o irmos para as camaratas e depois...
Acordar as 8 mas atrasar sempre até às 9, os beliches, o pequeno almoço e a mousse, o rio, as camaratas, o parque infantil, o anfiteatro, o C1, a sala de convívio, os barracões, o refeitório do Reis, o almoço, as cantorias, abafar putos e calar idiotas, o gelado, as suecadas, o campo pelado, o cluedo, as festas, a corda do tarzan, o rappel suspenso, a escalada, as BTT, as canoas, as piscinas, a Lousã, os risos, as músicas, os lanches, os banhos de mangueira, o balneário, a parede do balneário, sujar os pés, vestir, jantar, o depois do jantar, a fofoca, o cluedo, o filme, as conversas, os banhos de lua, os raids, o medo, os cafés com coca-cola, o vale escuro, a igreja, o cemitério, os walkie-talkies, as bolachas maria, a nutella, as gomas encarnadas, os armários cheios de bolachas, os trocares de roupa, o dia de pintar as unhas, o jantar de gala, o baile de gala, o último dia, o torneio de futebol, a última noite, o fogo de campo, o choro, as fitas, as pessoas que nos marcaram, a falta que vamos sentir, a noite sem dormir, a viagem de volta, Lisboa, o Jardim dos Prazeres, o cansaço acumulado, despedirmo-nos de todos, "na certeza de que pró ano havemos de cá voltar"...

Custa-me bastante, acreditem que sim. É como se me tirassem uma parte de mim, que estou tão habituada a conhecer e a tomar como certa. Mas tínhamos que crescer e um dia este dia ia chegar, era inevitável. Tenho pena de saber que o campo já não está como nós o conhecemos, mas vamos guardá-lo exactamente como era. Com os beliches velhos, os armários de sempre (fico com o de cima do lado esquerdo!), a parede do balneário, o ACM gigante, a fogueira da amizade, as placas das ruas que eram de todos: o Largo Santa Kuka, a Avenida dos Vigias, a Alameda dos Baloufos, a NOSSA B2, a tenda do refeitório, a sala de convívio que se transformava brutalmente. O campo vai ser sempre o nosso. E embora me custe horrores pensar que não vou passar os melhores 15 dias, aqueles que sempre serviram para nos afastarmos do mundo e ficarmos ali, naquele sítio só nosso, hoje só consigo pensar que as coisas que lá passámos significam tudo. E que por isso mesmo, nunca vamos deixar de lá ir.

Mas sempre, pra sempre...