No meu caso, foi simples. Senti-me mal. Senti-me angustiada, um mau estar incrível que não tinha explicação nenhuma. E foi aí que olhei à volta e percebi onde é que estava. Que vi o buraco. Revivi coisas pelas quais eu não passei, só com o pensamento "e se eu estivesse precisamente aqui naquele dia?". Não estive. Estava no Colombo e não sabia o que é que se estava a passar para as pessoas estarem todas à volta das montras das lojas de televisões. Chegámos ao carro e os meus pais com um ar muito sério explicaram-nos sobre o que era um atentado, o que queria dizer terrorista e o que é que tinha acontecido em Nova Iorque. "Vamos embora, por favor vamos embora", disse eu 9 anos e 4 meses depois do dia em que tudo mudou no mundo. Não me lembro como era antes. Sei como é agora. E por muito que crie a situação hipotética, não imagino sequer o que é sentir na pele uma coisa dessas. E sim, é dia de relembrar os que morreram, os que lá ficaram a salvar desconhecidos, os que perderam pais, mães, irmãos, o amor das suas vidas. E a cidade. Como se algum dia nos esquecêssemos dela.
Manhattan vista de Liberty Island. Janeiro 2011
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