Não consigo dormir e conto os dias, as horas, para ir embora. Não quero ficar e ao mesmo tempo estou a ficar com calafrios só de pensar em ir. Vendo bem, não tenho rigorosamente nada que me prenda. Gaivotas, disse eu há dois anos. Agora é mais que isso. Quero ir-me embora, quero dar o fora, diria o Caetano. Quero ir para uma cidade da qual não sei rigorosamente nada, onde falam uma língua que eu não consigo pronunciar. Quero esquecer o Tejo, a ponte, o Chiado, o castelo, o meu miradouro, a calçada, o sol de inverno, todos os sítios que são meus. Trocá-los por ruas escuras, por 25 horas de sol por mês, por graus negativos, por chuva à chegada, por arranha-céus e igrejas onde não consigo acompanhar a missa. Onde nasceram Chopin e Marie Curie. De onde não tenho bilhete de volta.
Vou querer voltar. Mas isso fica para outras andanças.
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