Passou-se nada mais nada menos que um ano. Para mim passou-se mais que isso, sinto o peso de três ou quatro. Agora, enquanto caminho sozinha pelas ruas onde costumavas caminhar comigo, lembro-me de tudo e tenho pena de te ter perdido desta maneira. Rápida e silenciosamente, sem aviso prévio, sem qualquer explicação. Um bocado da mesma maneira como entraste na minha vida. Não, da mesma maneira como te tornaste importante. Num segundo mal te conhecia, no outro já éramos amicíssimos e no outro já eras essencial.
Não sei porquê, mas a verdade é que nunca me apaixonei a sério por ninguém...
A noite já caíu, apesar de não ser muito tarde. Precisava de fazer isto, não como auto-mutilação mas muitas vezes as lembranças tocam-me tão fundo que me magoam. O trânsito está infernal, as ruas estão molhadas mas não está a chover, pelo menos por enquanto. Está no ar aquilo que eu chamo "o cheiro do Natal", já há luzes na rua e já se veêm pessoas com sacos.
À medida que os meus pensamentos se começam a acumular à velocidade da luz, decido sentar-me e descansar. Pensar com calma. Penso em tudo o que se passou, tudo o que passámos, tudo o que eu gostava de não ter dito e feito, tudo o que por outro lado, me arrependi de não fazer. Mas agora é tarde. Perdi-te e perdi-te para sempre. Tenho tanta mas tanta pena! Podia ter dado tudo certo... Podia, mas não deu. Porque não quis, porque não quiseste. Ainda assim, custa-me a acreditar que tudo tenha ficado assim. Será que se pode perder alguém definitivamente, esquecer, para sempre? Quando se gosta de alguém e quando esse alguém tem a importância que tu tiveste (e ainda tens) para mim, não acho que seja possível. Há uma parte de ti que há-de ficar sempre comigo, sempre, para sempre. Hei de gostar sempre de ti, de uma maneira ou de outra, sei que vou sorrir quando ouvir falar de ti, ou quando te vir, ou quando falarmos outra vez. Sei, como sei que tenho saudades tuas e continuo a precisar de ti como dantes ou ainda mais. Sempre gostei de falar contigo, de te contar as coisas, de te ouvir, de rir contigo, rir de ti quando dizias parvoices, de me dares abraços quando eu estava triste, de seres meu amigo, de andar de costas na rua, de ver as luzes. As mesmas que agora estou a ver sozinha. O resto veio naturalmente, não posso dizer que estivesse à espera.
Mas podias sempre tentar.
Agora sim, está a chover e bem. Não posso dizer que tenha reparado, estou sentada no fundo da rua a chorar e ainda não percebi bem porquê. Se por algum destes motivos, se por todos juntos. Se por ainda gostar tanto de ti como antes, se por me ter habituado a viver sem ti. Se por me afectares ainda tanto, se por ter esperança que as coisas fiquem bem.
Prometes?
Agora lembro-me de mais esta, está a chover imenso, estou ensopada mas não quero saír daqui, tu prometeste, eu acreditei. E até hoje custa-me a acreditar que me tenhas enganado de propósito, que não me digas o que é que se passa, não sei, há qualquer coisa que não encaixa.
Prometo. Prometo.
Ok. Vou deixar de pensar nisto. O que tiver que ser será e eu nunca deixei de acreditar lá no fundo, durante aqueles 4 meses, que o que tivesse que acontecer acontecia. Se tivesses que sair da minha vida saías, se tivesses que voltar voltavas. A verdade é que quando eu já estava a perder todas as esperanças, voltaste. Por pouco tempo, mas voltaste. E tenho mais é que deixar o tempo passar, para ver o que acontece. Mas a verdade é que fazias (e fazes) muita falta... Mais do que imaginas!
E agora... como é que é, Ana Sara?
"... agora prefiro viver assim, imaginando o teu regresso eterno e irrepetível, encolhendo os ombros à vida, fingindo que não desisto dela enquanto tu não voltares."
1 comment:
Sem duvida, dos melhores que já li aqui
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