Ás segundas almoçávamos sempre juntas. Sempre o mesmo pão com queijo e o mesmo compal light, manga-laranja. Por vezes uns bolinhos óptimos que nos faziam quebrar todas as dietas só por uns minutos. Ás terças à tarde íamos a pé para casa. Eu ia levá-la sempre à explicação de Alemão e íamos pela Ferreira Borges, à chuva, ao sol, ao frio, a falar e a comer qualquer coisa que nos tivesse dado uma fome terrível. Das quartas não me lembro, se bem que acho que faziamos tentativas frustradas de ir ao ginásio que acabavam sempre noutro lado, mas às quintas íamos juntas para casa. Na verdade, ela ia levar-me até à Estrela e ficávamos a falar até chegar o meu autocarro. E nas sextas, o dia mais ansiado, parecia impossível mas só nos víamos de manhã.
Saímos, rimos, fizemos milhares de compras, contámos muita coisa uma à outra, revelámos segredos, partilhámos problemas. Estudámos, chorámos de riso e de qualquer outra coisa. Juntas, conhecemos o Patrice, comemos gelados e dançámos até cair. Até juntas fizemos dieta.
E hoje? Podemos fazer tudo o que fazíamos antes. Temos jantares semanais, cantamos no carro, comemos pastilhas elásticas e chocolates de menta, rimo-nos juntas e uma da outra, sabe tudo da minha vida até ao mais ínfimo promenor e eu da dela. O bom e o mau. E aceita-me exactamente como eu sou, com os meus vaipes, os meus amuos, as minhas fraquezas e os meus pontos fortes. É o meu melhor alibi e gosta de estar lá sempre, comigo, para mim. Posso dizer o que me apetecer, contar tudo da minha vida, os meus dramas e os meus ataques de riso durante seis dias, e ao sétimo estamos juntas. E são sempre as melhores horas, com tanta coisa para tão pouco tempo que parece que não falamos há anos e ao mesmo tempo que estamos juntas todos os dias. É o meu maior orgulho, a minha maior alegria, a minha certeza garantida. Porque eu sei que se o mundo me falhar, há uma coisa que não me falha nunca. É ela.
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