Acabou.
'Amanhã eu sei, já passa! Mas hoje eu estou assim...'
"Eu já comecei às seis da manhã". E foi assim, às seis da manhã, que chegar a casa, arranjarmo-nos para dormir, deitarmo-nos as três na cama da Ana que não é propriamente grande, e eu dizer "já repararam? amanhã acabou-se tudo...", que comecei. Eu e a Mary.
Manhã atribulada, meia hora de sono, acordar com o nariz do star na minha cara, banhos rápidos, gelatina de ananás, ida para a escola. Falar sobre o que realmente poderá acontecer, o que eu mais temo.
Últimas aulas, continuação do que comecei às seis em todos os intervalos, todos os momentos em que ficava só a ouvir música e a pensar, último intervalo, última aula, última ida ao auditório. Últimas palavras. Última viagem a pé até à Infante Santo "parecemos duas monstras aqui com umas olheiras até aos pés todas esborratadas e a chorar!", últimas promessas, última viagem de autocarro... Último dia. Oficialmente.
E nada de tretas que não vai mudar assim tanto, porque vai ser tudo diferente. Só o facto de deixarmos o sítio onde passámos a maior parte da nossa vida, muitos até quase a vida toda ou a vida desde que se conhecem, tem que mudar alguma coisa. Não vamos voltar a ser os mesmos, não nos vamos voltar a ver todos os dias, já não vai haver o corredor do secundário, não vai bastar ir até ao fundo do corredor para as ver, não há aqueles almoços todos os dias, os abraços no corredor, as conversas sobre o que nos dava gosma no próprio dia, nada mais.
Agora, vamos ter vidas não diferentes, mas separadas. Separadíssimas! Já tenho saudades e ainda estamos longe de concluir isto tudo.
Sim, temos que crescer. Mas ASSIM? Porquê? Se eu soubesse que ia ser tão difícil, tinha escolhido outra coisa. Mudar mais cedo, não me apegar demais. Ou então não crescer. Mas isso, infelizmente, não é opção.
Sim, estou triste. Sim, sou uma piegas. Mas foi ali que eu conheci os meus amigos, que se passaram os melhores e piores momentos da minha vida, que eu sorri, ri, chorei, que conheci pessoas que me influenciaram e que me fizeram crescer TANTO e a quem estou tão grata, que tive alegrias e tristezas, que passei os últimos 8 anos da minha vida, que dizer que me ia embora sem me importar era mentir. Se calhar o problema é apegar-me demasiado a tudo, se calhar é por ser pequena e não acreditar que estou mesmo a crescer.
Não estou muito convencida disso, mas parece que, segundo o que dizem, o que vem aí é para melhor. E tive a melhor última semana que podia ter, apesar de tudo. Agora o que o futuro me reservar, vou esperar para ver. E até lá, esperar que os meus medos não se concretizem de todo. Não pode ser! Porque nós vamos ficar mesmo. Para sempre...
Acabou.
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