Nem bom nem mau. O sol que teima em não aparecer, a chuva que não quer cair, uma luz que não desaparece. À janela vê-se o mundo, como sempre. Mas daqui é um mundo diferente, um mundo que não é o meu, uma janela que não é a minha. E ao mesmo tempo que tudo me é estranho, não deixa de ser familiar.
Há sempre qualquer coisa que nos traz aquelas lembranças e que nos faz sentir em casa. Uma mensagem, uma música, um abraço, um sorriso. Não é preciso mais nada. E aí sabemos o que acontece a seguir.
Nada é tão imprevisível como quando conhecemos bem as pessoas. Bem demais. Ou talvez não. Nunca se conhece tão bem uma pessoa que se possa dizer que se conhece bem demais... Porque quando as conhecemos, e nos conhecemos, e sabemos exactamente aquilo que vamos dizer, e aquilo que vamos dizer, e o momento em que os nossos olhos se vão cruzar, estranhamente, nunca estamos à espera. Estamos. Mas inconscientemente. E nunca nos esquecemos, nem ninguém se esquece. As pessoas são estranhas, e todas têm a mesma capacidade de memória selectiva. Só se lembram e só se esquecem do que querem. É por isso que é tão fácil apagar pessoas da nossa memória, matá-las da nossa vida, como se nunca nos tivessemos cruzado.
As coisas passam-se todas da mesma maneira, apesar de em alturas diferentes. O esquema é mais ou menos o mesmo. E nunca se consegue deixar de estar com aquele nervoso miudinho, típico de todas as situações que não se conhece. E depois? Uma mensagem, uma música, um abraço... um sorriso. O sorriso. E parece que tudo o que não estava fica bem, que nada pode ficar mal nunca mais se todas as pessoas sorrissem assim.
"Faz outra vez... só mais uma!"
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